Thursday, November 06, 2008

A Redação de Maria Cláudia

Costumo dizer que a maior dádiva das crianças é a sinceridade. Elas são sempre verdadeiras e objetivas. O texto a seguir foi escrito por uma garotinha chamada Maria Cláudia e publicado pelo escritor de livros infantis, Pedro Bandeira, na Revista Salve 13 de maio, em 1988.

"Os brancos são muito diferentes dos negros. mas depende do branco e depende do negro. Na minha caixa de lápis de cor, o branco não serve para nada. Só o preto é que serve para desenhar. Por isso, os dois são muito diferentes.

Tem o giz e tem o carvão. Eles são iguais. Os dois servem para desenhar. Com o giz, a gente desenha na lousa. Com o carvão, a gente desenha o bigode na cara do Paulinho para a festa de São João.

Nesse negócio de música, não tem branco. Só tem preto. Todos os discos que eu conheço são pretos. Nunca vi um disco branco.

O papel é branco e é igualzinho ao papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a gente escreve em cima.

A noite é preta mas o dia não é branco. o dia é azul. Então o preto da noite é só da noite. Não é igual nem diferente de nada.

O leite é branco e o café é preto. De café eu não gosto. Também não gosto de leite, quando ele está branco. Prefiro misturar com chocolate. E aí fica marrom.

Marrom como a minha amiga Patrícia. Outro dia me disseram que a Patrícia é negra, mas ela é marrom. Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota melhor do que eu na prova de matemática. mas eu não quero ser diferente dela. Vou estudar bastante. Na próxima prova, eu e ela vamos ficar iguais".

Sugestões de filmes!

O JARDINEIRO FIEL

O CÉU QUE NOS PROTEGE

ROMPENDO BARREIRAS

O AMOR É CONTAGIOSO

QUILOMBO ESPAÇO DE RESISTÊNCIA

Sugestões de livros sobre discriminação racial!

Sugestão de livros para trabalharmos na sala de aula com os alunos

PRINCESA VIOLETA - Veralinda Menezes

Violeta é uma princesa muito linda! Seu corpo é perfeito; e sua pele da cor de bombom de chocolate, cheirosa como as rosas e macia como a seda! Seus olhos negros e espertos tinham brilho das estrelas e sua boca de lábios carnudos e em forma de coração tinha a cor de morangos. Seus cabelos eram pretos e crespos; enroladinhos, em cachinhos miúdos, macios e perfumados. Aquela cascata de cachinhos caia até os seus ombros, completando a sua beleza.
Adorava se divertir com os amigos, passear com seus pais e brincar com os animais do seu reino.
Vive alegre e feliz!
E, quando seu reino está prestes a ser invadido, ela tem que tomar uma decisão...
É aí que ela descobre o segredo de sua família...
O Rei Lírio, seu pai ele era um homem muito bonito, de pele da cor de café com canela. Tinha cabelos pretos e muito fofinhos, enrolados em cachinhos que lembravam o desenho de um favo de mel.
A Rainha Pétalla de Rosa era também uma mulher muito linda. Quando caminhava, parecia deslizar pelo chão. Ela tinha a pele de cor de doce de leite, e seus cabelos eram como os da Princesa Violeta: negros e de cachinhos miúdos, macios e cheirosos.
O Principe Ourobello, um rapaz muito bonito, com a cor de chocolate coberto com calda de caramelo, corpo de músculos definidos e fortes, olhos negros e puxados, a boca de lábios bem desenhados e um sorriso tímido e amável.
Acompanhe as aventuras da Princesa violeta, num mundo que mistura o real e o imaginário, e se surpreenda com esta corajosa heroína.
A autora Veralinda Menezes se inspirou em sua filha mais velha, a atriz Sheron Menezes, a quem sempre chamou de princesa.
Desde pequena, sonhava com uma princesa encantada que se parecesse comigo, e agora está aí a Princesa Violeta!
Sheron Menezes.

GOSTO DE ÁFRICA - Joel Rufino dos Santos

Histórias daqui e da África, contando mitos, lendas e tradições negras. Com um olhar crítico e afetuoso, fala também de personagens da história do Brasil e de um tempo de escravidão, luta e liberdade, nos ajudando a compreender melhor nossa cultura.

ULOMMA - Denise Nascimento

Este livro é uma pequena coletânea de ricos contos africanos que meus antepassados usavam para ensinar lições importantes de maneira simples e divertida. Naqueles dias, durante as noites de lua cheia ou nova, as famílias se reunem debaixo dos pés de mangueira para contar e ouvir história, que eram sempre acompanhadas de música, cantada e dançando por todos - um bom antídoto contra o sono que poderia vir e roubar nossa atenção. Em Ulomma: A casa da beleza e Inine, reproduz canções que entoávamos no meu idioma o ibo.

OS PRÍNCIPES DO DESTINO - Histórias da mitologia afro-brasileira - Reginaldo Prandi

Há muito tempo, num antigo país da África, dezesseis príncipes negros tinham o oficio de colecionar e contar histórias. Eles acreditavam que tudo na vida se repete e o que acontece na vida de alguém já aconteceu antes na vida de outra pessoa. Assim, conhecer o passado tornava possível saber o presente e o futuro. Hoje, nos candoblés do Brasil, os pais e mães-de-santo também acreditam que tudo se repete e continuam contando o que aconteceu no passado.